- MONTANER, Joseph M. – As formas do século XX
Barcelona: GG, 2002
Abstração e expressionismo são os pólos básicos da evolução da arte, sendo, portanto, conceitos fundamentais para que se possa compreender a arte e a arquitetura do século XX. Tem-se então a abstração como busca racional da lei, da trama imutável e das formas absolutas, tanto que, segundo Worringer “As formas abstratas, sujeitas à lei, são consequentemente as únicas e as supremas formas onde o homem pode descansar frente ao imenso caos do panorama universal”.
Dessa forma, o artista moderno vem fugir às normas e à mimese da realidade, não esquecendo, contanto, que a imitação da realidade foi um método básico de aprendizagem ao longo da história. Essa quebra de padrões do artista moderno se consolida a partir do século XX, no qual a estética moderna começava a superar a clássica. Ela busca, na obra de arte, uma percepção dinâmica (seja visual, tátil, distante, próxima, estática ou dinâmica), de maneira que a relação entre a obra e o ponto de vista do observador fosse a sua essência. Isso dá a cada obra, a cada objeto uma significação, que pode ser mudada a qualquer momento.
A partir desses princípios, tem-se então o cubismo, que - assim como Einstein e sua teoria da relatividade com conceituação do espaço-tempo – explora essa realidade dinâmica e simultânea, proporcionada por diferentes pontos de vista. Com essa nova conceituação do espaço-tempo, obtém-se o conceito principal da arquitetura, devido à sua fluidez e relação interior/exterior, estabelecendo uma relação com a abstração e o espaço moderno.
O descobrimento e estudo das formas artísticas não-ocidentais será usado para legitimar a arte abstrata, em toda sua essência e simplicidade. A arte contemporânea acaba, consequentemente, por se transformar em uma nova forma de perceber a realidade, dependendo da capacidade criativa de cada artista, mas sem se estabelecer a partir de um determinado padrão. Grandes exemplos de artistas que obtiveram sucesso na abstração, desenvolvendo sua própria maneira de entender a forma, são Wassily Kandinsky, PietMondrian e KazimirMalevitch.
Já se tratando do neoplasticismo, a forma será compreendida também de uma nova maneira, por meio de um novo método, se transformando em um inconsciente do século XX, devido a sua facilidade de compartilhamento e transmissão. A partir disso, a arquitetura ganha um novo caráter, o qual foi definido por Theo van Doesburg: abstrata, objetiva, informe, elementarista, assimétrica, antidecorativa, econômica, de planta livre, antimonumental, anticúbica, aberta, flutuante e em equilíbrio dinâmico. Com isso, quer dizer que a arquitetura não se limita a um cubo fechado, mas também pode partir da decomposição dos elementos geométricos primários.
É importante, portanto, saber diferenciar o modelo cubista de composição do modelo neoplasticista. Enquanto o modelo cubista tem como base a sobreposição de planos, gerando um espaço intersticial que deve ser reconstruído mentalmente, o modelo neoplasticista utiliza elementos limpos e independentes entre si, de forma que possam ser claramente diferenciados e articulados por paredes livres.
Por sua vez, se tratando de abstração suprematista e tectônica construtivista, que tem como exemplo da abstração máxima as obras de KazimirMalevitch (como “Branco sobre branco”), tem-se na arquitetura construtivista uma arquitetura composta por formas dinâmicas e matemáticas, que expressa sua parte estrutural, se associando à um conceito maquinista e de produção em série. Vale lembrar que o construtivismo também esteve presente na moda e na cenografia.
As neovanguardas, apesar de desgastadas, deram continuidade à essa questão da abstração de direcionando em duas vertentes, uma mais sistemática, processual e conceitual, e outra relacionada à pesquisas e certezas científicas. A parte sistemática se manifestou a partir dos anos sessenta, sendo a obra considerada não como um produto final, mas como uma forma de reflexão sobre seu processo formativo. Por fim, dentro do conceito de abstração, o artista não é nada mais que uma figura anônima em uma sociedade abstrata e coletivizada.
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